quarta-feira, 29 de outubro de 2008

E ai quer ser um

Antes de mais nada: não existe “receita mágica” para se ter idéias diferentes. Qualquer um que tente convencê-lo do contrário tem boas chances de, na melhor das hipóteses, estar iludido – ou não saber ao certo o que criatividade significa. Afinal de contas, a partir do instante em que haja uma fórmula para se pensar novas coisas, elas já não serão mais novas.

Não sou psicólogo nem “criativólogo”, tudo que conheço na área vem de prática e observação. Quando estou bloqueado, sempre penso em crianças e no que elas fariam. Observando-as, descobri algumas atitudes que podem ajudá-lo a buscar saídas originais para os mesmos velhos problemas. Seguem algumas delas:

Relaxe. Essa é a dica mais importante. Para se ter idéias é preciso estar em um estado de espírito tranqüilo, com o mínimo de estresse possível. Pense em outras atividades que sempre mudam: dançar, cozinhar, fazer piadas... sob pressão, buscamos atalhos para o raciocínio, e as velhas rotas são sempre mais rápidas e seguras.


Colecione tudo que puder. Rótulos, embalagens, folhas, revistas velhas... junte todas as tranqueiras que conseguir. Quando reciclada, essa velharia que inferniza o seu próximo pode ser de grande serventia.


Seja curioso. Aprenda outras coisas, não tenha medo de perguntar tudo, mesmo que não tenha nada a ver com a sua área. Os verdadeiros criativos não são esnobes nem auto-centrados. Quem age assim normalmente é só inseguro.


Mexa-se. Dê uma caminhada, tome um banho. Ative sua coordenação motora e oxigene o cérebro. Dormir também pode ser uma boa, contanto que você tenha um caderno de notas à mão.


Redecore sua mesa, desktop, espaço de trabalho. Mude a posição de mesas, cadeiras e livros, troque seu ponto de vista, coloque objetos interessantes ao alcance da mão, provoque seu subconsciente.


Tome notas. Picasso, Hemingway e muitos outros nunca saíam de casa sem seus caderninhos Moleskine. Boa parte das “sacadas” tende a desaparecer quando tentamos fixá-las na memória. Anote tudo sem compromisso com o layout ou mesmo com a gramática. O caderno não é um diário nem um blog. É seu e só seu.


Desapegue. Dê parte das suas coisas, empreste, troque. Faça o mesmo com suas idéias. Nunca tenha medo que alguém as “roube”. Tenha em mente que, ao contrário de mercadorias, quando se trocam idéias elas não deixam suas mãos. Pelo contrário, ficam mais fortes.


Pergunte “por que as coisas são do jeito que são?” pelo menos umas cinco vezes por dia. Faço isso há anos, o que já me levou a diversas situações constrangedoras.


Desmembre. Divida frases, situações, objetos em diversas partes, nem que seja para descobrir que o todo é muito maior que a soma delas. Ao dividi-las, os objetos e conceitos “grandes” e assustadores são transformados em objetos menores e muito mais maleáveis.


Observe o mundo à sua volta. Preste especial atenção a crianças, camelôs, uniformes, pessoas “diferentes”, artistas e suas obras, brechós, locais abandonados, plantas, mapas, diagramas técnicos, lojas especializadas... há uma enorme riqueza pictórica no mundo.
Se nada disso der certo para se ter uma boa idéia, pelo menos será garantia de diversão e relaxamento, o que sempre é lucro.

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